Ao contar histórias da minha vida me deparo
com enredos diferentes dos quais vivi. Criei pessoas à minha maneira, imaginei
relações perfeitas das quais não tive.
Me iludi para que me contentasse com pouco, aceitei pouco, busquei pouco.
Me apaixonei, amei fantasias. Convenci a mim e aos outros de que já tive o que
buscava para mim. Me confundi com o real e com o imaginário, me perdi no que construí.
Ao destruir as ilusões, destruo em mim pessoas, histórias, relações, mas assim
me invado, me reviro, me encontro, sozinha. Sinto a delícia e a beleza de estar
só.
Hoje, vejo e afirmo parafraseando Tati Bernardi: Para estar ao meu lado tem que
ser melhor que minha própria companhia.
Busco em mim novas histórias, novas formas de conquista.
Quero risadas bobas, brincadeiras idiotas, piadas sem graça, não quero olhares
de repreensão. Quero falar à minha maneira espontânea, sem precisar podar-me.
Quero brincar, brigar, chorar, sorrir sem fantasias irreais.
Quero poder ser eu mesma, essa Eu que renovo todos os dias, essa que a cada dia
gosta de coisas novas e deixa de gostar. Essa Eu inconstante sim! Tenho me
permitido mudar todos os dias, me permito ser livre em mim mesma. Me
experimento, me reinvento, me construo, me destruo, me transformo no melhor de
mim nesse instante.
erlaub
dich
Adorei o texto! Amar e odiar fantasmas... realmente somos bons nisso! Sobre a frase da Tati Bernardi, lembrei de outra, do Noel Rosa: "Jamais entraria num clube que me aceitasse como sócio...". hehe... abs!
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